terça-feira, 9 de junho de 2015

Insistir na insistência

Ora bem, hoje trago um enigminha,  que é  algo que está a meio caminho entre um enigma e uma adivinha, não chegando nunca a ser um ou o outro, mas sim ambos ao mesmo tempo.
Reza assim: Certo dia de um mês de Agosto, Sam Cream Puff Silva, um político sério, nascido na Nova Jérsia mas filho de pais lusitanos, veio visitar Portugal. Acontece que, no meio de um daqueles arraiais de Verão, o senhor teve um treco e bateu as botas. Onde é que foi enterrado o corpo, em Portugal ou nos States?
E, sem mais demoras, vou revelando de imediato a resposta porque eu não tenho tempo para estas coisas (ou se calhar até tenho mas isso agora não interessa nada) e sei que vocês também não. Então aqui vai, preparados? Meus caros, político sério é mito urbano. É coisa de que a gente ouve falar, mas nunca viu nem sabe se existe.

quarta-feira, 25 de março de 2015

3,14

Na minha sala não há álbuns de fotografias nem memórias nas gavetas, na minha cabeça  não pretendo manter vivas as recordações de coisas passadas. Porque recordar não é viver. Viver é viver, recordar é outra coisa mais insonsa. Nada contra, idiossincrasias apenas, caracteristicas individualizadas do foro individual do individuo.
Tudo isto para dizer que ando com um papel na carteira há mais de vinte anos, quer dizer, na realidade são dois papeis, mas o outro pode dizer-se que é mais pragmático e profiláctico do que poético.
Obrigado por não teres permitido que me tornasse um puto estúpido e por consequência um adulto fútil.
Cá te espero.

domingo, 22 de março de 2015

Para saberes que eu sei

Hoje sei as lições que nenhuma escola me poderia ter ensinado.
Sei que as pessoas não se medem aos palmos. Que não se baixa a cabeça quando se está certo, mas sim se enche o peito e se enfrenta quem quer que seja, o que quer que seja.
Hoje sei. Sei que o amor apazigua as diferenças e as crenças que nos dividem e nos faz aceitar o que outrora nos parecia intolerável.
Hoje sei que é possível dar mais de nós, ficar com menos e mesmo assim sair a ganhar. Sei que, por muito que a vida nos faça, só a nós nos cabe fazermo-nos à vida.
De tanto que eu não sei, hoje sei tanto mais porque todos os dias são dias da mulher. Todos os dias são dias da mãe. E que de nós seria se assim não fosse?

domingo, 8 de março de 2015

Corrente de ar

Não é sequer uma ventania, e muito menos o furacão que se pretende. Hoje em dia as redes sociais e a internet aproximam-nos de quem pensa fora da caixa, ajudando a criar a ilusão de que existe contestação ao poder instituído mas, na realidade, não passa de uma tímida, apesar de louvável, corrente de ar. Que persiste é certo, resiliente e resistente como nos tempos em que se distribuíam panfletos pelos becos e ruelas de Lisboa denunciando as dúbias  intenções de banqueiros e das multinacionais corporações, alertando para os perigos da industrialização e intensificação da agro-pecuária e das continuadas agressões ao ambiente.
Pois, parece que ainda não vai ser desta, mesmo com as fraudes confirmadas, com a corrupção à vista de todos, com provas evidentes do favorecimento de uns em detrimento de outros, mesmo com tudo isto a inação grassa. Talvez daqui por mais vinte anos, ou duzentos. O importante é persistir, denunciar, não permitir o esquecimento e nunca desistir.

domingo, 1 de março de 2015

Não se pode perder o que nunca se teve

No caso do excelentíssimo senhor doutor primeiro ministro Pedro Passos Coelho a dignidade, que nunca foi sequer beliscada (porque certamente não existe) pelas imposições  da troika, e a vergonha.
Há quem fique marreco de tanto trabalhar e quem o fique de tanto se curvar para lamber botas.
Então não é que o senhor "temos-que-pagar-custe-o-que-custar" decidiu não pagar deliberadamente à segurança social e, mais grave ainda, nem sequer foi notificado, como acontece com tantos outros portugueses, certamente sem filiação partidária. Como é aliás o meu caso, desempregado e tantas vezes mal empregado (raios que se me está a fugir a caneta para a dignidade, mas isto já me passa), que recentemente fui notificado pela S.S. para devolver um mês de subsídio de desemprego recebido por engano, num processo mediado (com extrema competência certamente) pelo IEFP em que fui selecionado para estágio (com 37 anos de vida e 7 como profissional na minha área) numa empresa de telecomunicações. Estágio esse mal pago e com prazo de validade, como se sabe. Convém ressalvar a eficácia e celeridade com que esta notificação me chegou, em menos de um mês com ameaça de execução fiscal e tudo. Além disso fui recentemente informado da obrigação de comparecer em ações de formação em horário pós-laboral. Ora eu, técnico de telecomunicações e às vezes jardineiro, posso optar entre coisas tão diversas como técnico de frio, rendas de bilros (infelizmente acho que este não me foi proposto), recepcionista de hotel, pastelaria. Ou inglês,  quando domino a língua inglesa melhor do que a maior parte dos formadores (lá me está a caneta a deslizar para a dignidade). Poderia um cidadão trabalhador, que cumpre as suas obrigações para com o estado, pai há coisa de dois meses, ser ainda mais humilhado? Dêem-me corda que eu bato palminhas e dou cambalhotas por 600 euros ao mês.
Bem, voltando ao Pedro "temos-que-honrar-os-compromissos" Coelho acresce á displicência com que contornou as suas obrigações o facto de todos os cargos de direcção nos centros de segurança social estarem entregues a militantes do mesmo partido do doutor "os-políticos-não-são-todos-iguais". Coincidências (ver  isto). Para elevar a trapalhada a patamares ainda mais altos de ridícula e afrontosa prepotência apareceu o próprio do ministro da (in)segurança social a desacreditar completamente todos os funcionários do seu ministério apenas para tentar salvar o chefe.
Nada disto é novo, e muito menos exclusivo do PSD. É o resultado de mais de quarenta anos de bipartidarismo (com o PP à boleia por vezes) oportunista e irresponsável. Um país desvalorizado de gente acomodada à humilhação.
Podemos continuar assim? Podemos. E vamos continuar assim? Claro que vamos, porque não se perde o que não se tem.


notazinha: eu não me importo que governem, decidam e essas outras coisas que os excelentíssimos senhores políticos fazem por mim, porque me facilita bastante a vida não ter de tomar decisões importantes. Digamos que a maior parte do meu tempo é dedicada a ser explorado por um patrão rico e o pouco que me sobra prefiro gastá-lo com coisas que não me aborreçam o juízo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A dívida não é para se pagar.Repito. A dívida não é para se pagar.

Não tenham ilusões. O que vamos negociando, renegociando e pagando são juros da dívida, ad eternum, sem fim à vista.
As dívidas saldadas retirariam todo o poder de influência dos credores sobre os governos e, por consequência, sobre as nações e deixariam de poder escolher fantoches que levassem avante políticas de desintegração social como as que temos, que apenas servem os grandes. Com as dívidas pagas certamente não veríamos a tia Merkel, ou qualquer outro que não nos apareça no boletim de voto, a puxar as orelhas a meio mundo como se tivesse autoridade para tal.
 O empréstimo forçado que é táctica habitual do FMI não é diferente do que alguns métodos de extorsão utilizados por outras organizações mafiosas. Os planos de recuperação económica através da austeridade têm-se provado um fracasso em todas as frentes. A pouco expressiva recuperação alcançada no caso português deu-se à conta do aumento da carga fiscal e da redução de apoios sociais aos mais desfavorecidos, para além disso prevê-se de curta duração.  
Ao mesmo tempo não se avançam reformas estruturantes e radicais aos sistemas político, judicial, social e financeiro. 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Um Charlie deu-me block no Twitter

O engraçado é que só comecei a seguir porque pensei que era comédia, e da boa, daquela sarcástica e pungente ao estilo de um Bruno Nogueira, mas mais baixinho (a vários níveis), daquele tipo de humor em que se dizem as maiores enormidades mas se consegue manter um tom sério enquanto se o faz.
É que nem cheguei sequer a dizer-lhe realmente o que queria dizer-lhe, e agora também já não me apetece. A única coisa que lhe pedi, depois de ler um dos seus espirituosos tweets referindo-se ao governo grego, que passo a traduzir uma vez que o nosso Secretário de Estado dos Assuntos Europeus escreve em americano: "A politica europeia simplesmente não funciona através do confronto aberto", foi que não me fizesse rir porque eu estava com cieiro, o que até  era verdade, e todos sabem como pode ser das poucas situações em que um sorriso se pode tornar desconfortável, uma vez que repuxa a pele quebradiça dos lábios e chega até a causar dor por vezes.
Mais tarde descobri que ele estava a falar a sério quando tweetou o seguinte acerca da governação nacional: "Também provámos que é possível ter crescimento económico e, ao mesmo tempo, uma significante consolidação fiscal", e chorei pela parte dos meus impostos cujo destino é pagar-lhe o ordenado. O que vale é que já não há de ser por muito mais tempo.
Eu devia ter desconfiado pela expressão jubilosa e convicta

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Realpolitik? Agora a sério, digam lá isso sem se rirem.

O meu intento não parte do princípio da arrogância de me pensar mais do que alguém, não sou mais inteligente, e muito menos clarividente, do que qualquer outro. Aliás apenas alguns minutos de convivência com a minha pessoa chegam para provar precisamente o contrário. O que acontece é que numa época de globalização cometo o ultraje de estar atento às assimetrias e exijo a globalização do bom senso e não apenas do status quo.
Atentemos então o que nos diz a real política, à direita e à esquerda, sobre os mais diversos assuntos, alguns de importância vital, penso eu, ou talvez eu me arrogue de assim o pensar porque assim  o vejo.

  • Fome e pobreza. Existe excedente de alimentos, existe, no caso da agronomia, conhecimento e tecnologia que é urgente partilhar com os países subdesenvolvidos. Será que as taxas não aplicadas sobre o dinheiro que os ricos não declaram (os bancos suíços, o caso Luxemburgo/Juncker e muitos outros) dariam para erradicar a pobreza à escala mundial? Ao contrário de todas as medidas super criativas inventadas e postas em execução para aumentar a carga fiscal sobre os mais pobres não aparece, aliás não é aprovada, uma proposta séria para combater a fraude fiscal perpetrada pelas "elites". Mas os políticos dizem-se sérios e pragmáticos.
  • Paz. Poderemos dizer que a paz é uma preocupação global quando se iniciam guerras para estabelecer a paz? Quando a industria do armamento é uma das mais lucrativas do planeta e o dinheiro investido em guerras e fabrico de armamento talvez desse também para erradicar a pobreza a nivel global e trazer realmente a paz às nações. Não produzir mais armas seria um passo essencial, mas continuam a ser desenvolvidas novas tecnologias de genocídio. No entanto não há um político que defenda, publicamente, a guerra.
  • Austeridade. A austeridade, segundo a realpolitik, é um instrumento para reequilibrar as contas dos países com cidadãos mal comportados e preguiçosos. Mas a realidade,  como se tem provado em casos recentes, é que as bolhas financeiras, fraudes e incompetência dos agentes financeiros, com a criação de derivativos financeiros (swaps, hedgefunds e outros instrumentos) que terminam sempre com a injecção de capital, dos contribuintes também, no sistema bancário para compensar, contribuem muito mais para o desequilíbrio das contas do Estado do que propriamente os seus cidadãos afogados em impostos. Contudo os bancos são  supervisionados por banqueiros. Evitando todos estes vícios enrustidos nos sistema poderia ser proporcionada alguma estabilidade económica para as famílias. No entanto os políticos afirmam que é inevitável todo o nosso sacrifício e que estão,  naturalmente,  a trabalhar para nos salvar.
  • Desemprego. Ainda me lembro, no tempo em que a UE ainda se chamava CEE, de atribuirem subsídios a Portugal, nomeadamente no sector agrícola, para não produzir. O resultado é um país de serviços sem sector primário, que ao nível dos produtos agrícolas importa mais do que o que exporta, e consome importado quando temos condições excepcionais (climáticas, solo) para produzir. Juntando a isto o emprego precário, incentivado pelo Estado e os lucros das empresas a irem para acionistas e comissões astronómicas para administradores, muitas das vezes incompetentes. Lucros conseguidos à conta de quem trabalha a dobrar e recebe o mesmo, e ainda é, para além de tudo isso, constantemente ameaçado com a "crise". Quando devíamos estar a restituir emprego e até quem sabe aumentar salários. Entretanto os nossos estimados governantes andam pelo estrangeiro a apresentar empresas de idoneidade questionável (Visabeira, etc) a parceiros internacionais. Para exportarmos o pior que por cá se faz em matéria de cumprimento do código do trabalho?
  • Impostos excessivos. O que temos: compadrio, amiguismo, negócios desastrosos para o Estado (PPP's,submarinos), má gestão pública, intervenção do Estado para salvar bancos mal geridos, corrupção nos mais altos cargos da República, fuga aos impostos por parte dos muito ricos com conivência do Governo.  O que deveríamos ter, se tudo isto não acontecesse: menos despesismo, alívio da carga fiscal, melhores serviços públicos. Investimento na educação, na saúde, na cultura. Mais uma vez a realpolitik aplica a receita da inevitabilidade enquanto pela porta dos fundos vão saindo milhões para bancos suíços e etc., com o conhecimento dos mesmos.
Real quê? Real incompetência e declarada má fé. Voltando ao caso grego, dos tais que não usam gravata, pode ser que não consigam o que pretendem mas, por mim, ficam para a história por se terem mexido, por os terem no sítio e não seguirem o caminho mais fácil que é o das contas de subtrair sempre nos mesmos e não enfrentar a corrupção instituída por essas Europas  afora.

nota: não me sigo por gráficos ou estatísticas pela simples razão de nos mostrarem os resultados sem nos divulgarem os meios utilizados para os alcançar, como é o caso do crescimento acima da média europeia alcançado recentemente por Portugal, que fica muito bonito quando exposto num gráfico mas não explica que só foi possível à  conta de injustiça social e excessiva carga fiscal que asfixia a generalidade da população.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Talvez eu tenha exagerado. Ou então não.

Admito que possa ter sido um pouco radical no passado post, mas a realidade, lá está, é que podia ter ido ainda mais longe. Para equilibrarmos a balança, se é isso que pretendemos, temos de denunciar os extremos, neste caso a super-riqueza e a super-pobreza, a segunda consequência inegável da primeira. E, se isso chocar as pessoas melhor ainda porque temos sido progressivamente dessenbilizados para o que são os repetidos abusos à dignidade humana e aos direitos do Homem.
O que precisamos realmente, entre todos os gráficos, estudos e análises, é de eliminar os extremos. Caso contrário estaremos eternamente apenas a fingir que resolvemos o problema. Se querem pragmatismo e sentido prático aqui o têm. Taxem-se as grandes fortunas e reverta-se o valor colectado para os que vivem abaixo do limiar da pobreza. Depois disso podem voltar a preocupar-se com a classe média e com as vendas dos Audi's e BMW's e de tudo o que há para ser vendido e mais do que se há de inventar e vender através de publicidade e marketing extremamente agressivos a apelar ao empréstimo bancário e ao endividamento.
Agora é só arranjar políticos que, em vez de cortar nos pobres, cortem nos ricos, o que não deve ser difícil se estiverem genuinamente interessados em resolver a questão. Boa sorte.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Aos realistas dos milhões

Anda pr'aí muito boa gente a apregoar o perigo dos esquerdistas radicais do Syriza e dos "contos de crianças" dos perdões e renegociações de dívida. Gente que acha mais real ceder aos caprichos dos mercados e dos multimilionários credores que, com muita engenharia financeira à mistura diga-se de passagem, nos mantêm reféns dessa mesma dívida através de intermináveis taxas de juro do que travar o empobrecimento das populações e a degradação dos serviços sociais nos seus próprios países. Tudo boa gente decerto, mas acima de tudo gente que, quase que aposto, não ganha o ordenado mínimo e tem obviamente de justificar a sua "essencial" posição no organograma social. Mais do que isso, tem que defender, com unhas e dentes, a própria existência da sua profissão. Apresentam-se como comentadores, consultores, analistas, especialistas, etc. Mas comentam muito pouco, e erradamente porque desconhecem a realidade, para consultar são mais falíveis do que a Wikipedia, na análise confrangedoramente ignorantes e são especialmente especializados em coisa nenhuma. Provavelmente gerariam mais valor e ajudariam mais a economia a cavar batatas do que alguma vez farão com patéticos bitaites a piscar o olho aos futuros, ou actuais, patrões.
A todos estes iluminados fica o convite: Desçam à  Terra, e depois desçam mais uns degraus, onde quem quer realidade pode regalar-se, encher a barriguinha, porque ela está em toda a parte. E não, não vou falar em África ou na América Latina, porque é aqui mesmo, na Europa que esta realidade acontece, nos países dos mesmos excelentíssimos académicos e tecnocratas bem remunerados. Por onde querem começar? Por essas aldeias afora, neste Portugal que não é certamente uma estória de encantar há meninas adolescentes a viver maritalmente com senhores que podiam ser seus avôs, por puro instinto de sobrevivência. Os estimados senhores especialistas não conhecem? Compreende-se, o mais certo é nunca se terem cruzado nos hotéis de 5 estrelas e nos restaurantes gourmet onde almoçam. Chega para começar?
Ai a realidade, essa coisa linda para os analistas que chama à razão os preguiçosos e irresponsaveis que vivem à conta do Estado como, também numa dessas aldeias lusitanas, uma senhora que conheci à esmola para comer porque a pensão se ia nos medicamentos. A pensão miserável de uma vida de trabalho, uma vida a descontar para o Estado. Tu queres lá ver que os senhores analistas desconhecem que nós é que sustentamos o Estado e não o contrário?Sim, os almoços, as viagens em primeira classe, os carros com motorista, as exorbitantes ajudas de custo, tudo isso sai do nosso bolso e sem ele (o bolso do povo) essa cambada de subsidiados a que chamamos de políticos nem para estacionar carros teria capacidade. Pois, mas aos especialistas isto passa-lhes ao lado. Talvez porque não seja o seu caso e tenham mais a beneficiar do que a perder com os fraudulentos negócios feitos com o nosso dinheiro.
Mas e, nem de propósito, voltando à tão ultimamente apregoada realidade, qual é o consultor que me explica em que gráfico ou estatística enquadro um adolescente, heterossexual, que, uma vez por semana, sodomiza um homem casado em troca de dinheiro para ajudar a pagar as contas de casa? Alguém quer tentar?
Ai a realidade, a real e não a outra, a morder os calcanhares a essa gente indigesta. E eles a falarem burguês fluentemente, como quem percebe da coisa, afinal sempre são especialistas em algo, a analisar a economia entre um jogo de ténis e um jantar de marisco.
Paguem-se as dívidas, paguem-se os jactos privados, paguem-se as rinoplastias e os anéis de diamantes.
Pague-se este Mundo e o outro que um dia as realidades encontrar-se-ão. E haverá contas por ajustar.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O ovo e a galinha - a pedofilia na Igreja Católica

A pergunta que se põe neste caso é: Será a pedofilia no seio da Igreja Católica uma consequência da abnegação imposta aos sacerdotes a vários níveis, como é o caso concreto da abstinência sexual, ou será uma prática milenar enraizada como tantas outras barbaridades cometidas (e camufladas) em nome de "Deus" ao longo dos tempos?
Senão vejamos, a principal razão invocada para a abstinência é a impureza do acto sexual, quer dizer, não do acto em si mas, e uma vez que "Deus" não reconhece a homossexualidade (apesar de muitos sacerdotes serem inegavelmente homossexuais), do facto de a mulher, fonte de todos os pecados para a Igreja, poder contaminar a alma pura do sacerdote. Por outro lado, segundo a Fé  Cristã, podemos deduzir que as crianças são puras, principalmente os rapazes.
A Igreja Católica continua, nos tempos que correm, a afirmar que, na Terra, o  Papa é a pessoa que está mais perto de "Deus" na hierarquia, o que faz com que, para eles, os sacerdotes estejam inequivocamente acima dos comuns mortais, uma vez que todos eles responderam ao alto chamamento do Todo Poderoso. Isto são convicções inabaláveis, que levaram às maiores atrocidades e atentados cometidos sobre a Humanidade em toda a nossa História. Genocídio, tortura, violações, terror são apenas algumas, testemunhadas, comprovadas e documentadas.
Existiu, durante séculos, uma tradição papal de molestar recém-nascidos em cerimónias de purificação, e de manifesta demonstração de poder diria, justificada por esta auto-proclamada hierarquia Católica. Tanto quanto sei não há garantias de que não continue nos dias de hoje. Ora, sendo assim, a violação de menores seria, para além de um acto purificador, uma forma de ceder à pressão dos prazeres carnais sem infringir as leis da Igreja, que estão, obviamente, acima das leis dos homens para os sacerdotes. Isto explicaria o porquê de tantos pedófilos no seio da Igreja Católica, porque, apesar de podermos dizer que nem todos os padres são pedófilos, penso ser inegável a existência de uma rede organizada de molestadores de crianças nos meandros desta instituição.
Por estranho que pareça isso não parece preocupar os governantes, pelo menos na Europa em que, pelos vistos o maior pesadelo é a renegociação da dívida pelos países do Sul. O próprio Ministro britânico das finanças já se veio mostrar muito preocupado com as consequências da eleição do Syriza para a economia global, quando dentro do seu próprio partido está a ser julgado um escandaloso caso de abuso e tráfico de  crianças. Prioridades.

sábado, 31 de janeiro de 2015

O Syriza no topo do bolo

Era um trocadilho a pedir para acontecer, um pouco estúpido talvez, eu sei disso mas, não consegui evitar, era impossível deixar passar a oportunidade.
Concorde-se ou não, acredite-se ou não na sua capacidade de levar o seu programa avante, o Syriza é um, muito benvindo pela parte que me toca, vento de mudança nesta Europa bolorenta e estagnada em que nos encontramos. Quanto mais não seja é um primeiro passo para o surgimento de novos intervenientes na ação política que não sejam políticos convencionais, um rasgar com os interesses instituídos e o facciosismo partidário. Uma das primeiras lições, alvo de críticas, foi a coligação com um partido de direita, mostrando que não se pode ser cego na política como se é, por exemplo, no futebol. Para encontrar consensos, que é o que se pretende na política (ou não?), é preciso estar aberto ao diálogo  com todas as partes. Esta foi a lição n°1 de Tsipras, apenas há uma hora no cargo. Cavaco poderia ter tomado notas mas não se dá bem com teorias contrárias à sua, mesmo que estejam certas. E nós por cá sabemos bem demais os bons resultados que isso tem tido.
A lição n°2 chegou pouco depois, pela mão de Varoufakis, um ministro pouco convencional, cujo maior medo é transformar-se num político, que anunciou que a renegociação da dívida é para avançar,  tal como o Syriza prometera (quase desenvolvi um aneurisma porque não estou habituado a ver cumpridas promessas eleitorais, ainda mais na primeira semana de mandato). A cereja no topo da cereja da intervenção de Varoufakis? Exigir que FMI, BCE e Comissão Europeia fiquem fora das negociações, que serão encetadas diretamente com os credores.
Como é óbvio, e como têm vindo a avisar todos contentes, e com razão, alguns comentadores da nossa praça, que eu desconfio que aufiram rendimentos superiores à média, todas estas boas intenções serão absorvidas por aquilo a que se chama, erradamente a meu ver, realpolitik, uma vez que a política real é a dos interesses financeiros e partidários e não a pragmática e prática que se pretende para combater a degradação das condições de vida dos cidadãos e dos serviços sociais e o constante empobrecimento.
Uma coisa é certa, o primeiro passo está dado, foram os gregos que o deram na pátria da democracia, e essa é a maior lição de todas. É possível dizer não à resignação, ao sentido de inevitabilidade, ao "não há nada a fazer". E, no meio de tudo isto, ainda desejar uma boa noite á Sra. Merkel. 


domingo, 25 de janeiro de 2015

O atleta e o homem

O atleta é fora de série, sublime, o exemplo perfeito de como o talento é requisito menor quando existe trabalho. Um jogador mediano na melhor das hipóteses, se comparado por exemplo com Diego Maradona, um viciado em cocaína com um metro e meio, que fazia acontecer  magia quando tinha a bola nos pés, verdadeira magia, daquela que não se treina nem se aperfeiçoa com cálculos matemáticos e probabilidades estatísticas. Digamos que Diego era um poeta e Cristiano, do alto do seu metro e noventa, é um tecnocrata. Repetição após repetição, os movimentos são robóticos e mecanizados, treinados até à exaustão. Mesmo assim, não há nada que se possa apontar que lhe tire o mérito de ter chegado, a pulso, ao topo do futebol mundial.
O homem é arrogante e auto-indulgente, capaz de, há  uns dias atrás, fazer declarações como "é impossível ajudar toda a gente", coisa que até pode ser verdade, mas que vinda da boca de alguém que tem milhões só em carros e que um dia ofereceu relógios de 10000 euros a todos os colegas de equipa para comemorar um qualquer acontecimentozinho na sua vida, pode soar um pouco mal. Até porque a triste frase deixa perceber que para ele nunca pareceu impossível um puto ranhoso com carinha de rato, da ilha da Madeira,  chegar um dia a ganhar 3 Bolas de Ouro, ter uma enorme massa feminina a querer deitar-lhe o dente, inclusivamente super-modelos russas, e a ser um dos atletas mais bem pagos do seu tempo. Um poço de humildade o rapazito, mas ele faz-se, só tem de treinar.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Das liberdades

No Dia Mundial da Liberdade, do qual só ouvi falar hoje mesmo, e numa altura em que se debate a liberdade de expressão, nada melhor do que deixar  as caricaturas de um grande português,  que nunca deixou de se exprimir, traduzirem o que me vai na alma quando a Europa se prepara mais uma vez para ceder aos Bancos Centrais. Com mínimas repercussões para a maioria das famílias que vão continuar a ser mal remuneradas pelo seu trabalho, sobrecarregadas de taxas pelos seus Estados e a ver os preços dos bens a subir, como de costume. E, como de costume, a liberdade continua longe.




Keep on keeping on

Batem leve levemente
como quem chama por mim
será chuva será gente
gente não é certamente
e a chuva não bate assim
fui ver, era um politico, não abri.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Só para te calar a boca

Lombinho de porco no forno com mel, tomilho e rosmaninho. A acompanhar batata doce e abóbora. Para o cozinheiro um gin, sem mariquices, com meio limão cortado lá para dentro com a faca do alho.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Duas ou três coisas acerca da paternidade

Porque será que quando uma pessoa não tem filhos toda a gente fala de como é lindo e inexplicável ser pai mas depois, quando lhes contamos que vamos realmente ser pais rasga-se-lhes nos lábios um sorrizinho maléfico e um brilhozinho assustador nos olhos. Tipo, um gajo pega no telefone liga para aquele amigo que estava sempre a contar as peripécias dos seus pequenos rebentos e diz: Puto (sim, gajo que é gajo há-de ter 80 anos e continuar a tratar os amigos por puto), vou ser pai. E a resposta do outro que tinha uns anjinhos em casa e tal é: Agora é  que tu vais ver o que é  não dormir.
Ora, isto não é nada meus amigos, era antes que tinham de ter avisado. Antes. Porque depois não adianta grande coisa, até leva uma pessoa a pensar se não foi atraído para uma elaborada armadilha. Mas a coisa piora, a verdade é que esta espécie de profecia/praga acaba, por mais estranho que pareça, por se concretizar. A princesinha mais linda do seu papá, que sou eu(o papá, não a princesinha), poderia, sem qualquer problema, dar formação a qualquer polícia secreta do Mundo na área das técnicas de privação de sono. O choro é agudo, estridente, o lábiozinho treme em desespero, mais depressa diríamos não à Angela Merkel.
Outro fenómeno que acontece é que começamos a ver tudo com outros olhos e a valorizar coisas como, como é que eu hei de dizer isto, cócó. O significado das coisas altera-se e o cócó rapidamente se transforma no salvador das noites perdidas, o exterminador implacável das indizíveis cólicas.
Para mim, que pensava que era só trocar as pilhas de vez em quando e mandar para a lavandaria uma vez por semana, é um pouco demais para assimilar em tão pouco tempo, e a princesa ainda não fez um mês, por isso antevejo tempos atribulados por aqui. Mas com muito cócó se tudo correr bem.

sábado, 10 de janeiro de 2015

A insuportável leveza do ser

Se o Gustavo Santos fosse um electrodoméstico, nas suas especificações poderia ler-se: equipado com musculatura bem definida, óleo para bezuntar  incluído, cérebro não disponível nesta versão.
Levei um pouco de tempo a decidir se iria, na minha primeira intervenção, escrever, ou não, sobre este não-assunto, uma vez que o que se pretende essencialmente, pelo que eu percebi, neste blog é pensar globalmente e não individualmente e, como todos sabemos, o Gustavo é o auge do ego em chamas ardentes de desejo por si próprio.
Vamos então aqui desmontar o Gustavo Santos, e quem quiser que o monte mais tarde. Acontece que o Gustavo é fruto de uma corrente de pensamento, se é que podemos chamar-lhe assim, uma degeneração da evolução num sentido estranho e aterrador que por alguma razão baseia a nossa existência no facto de nos contentarmos com o reflexo que nos é devolvido pelo espelho e em novos conceitos artificiais e superficiais de beleza. Obviamente não há nada de errado em gostarmos de nós próprios, é até essencial à nossa existência que assim seja, mas daí até nos confundirmos com o astro-Sol da nossa pequena galáxia vai uma distânciazita, digo eu que não percebo nada de astronomia. Pois bem, o Gustavo é  um homem de sucesso segundo estes novos parâmetros, inclusivamente autor de best-sellers, apesar de o significado de sucesso estar hoje em dia também ele próprio adulterado. E isso é que é preocupante. O Gustavo em si é perfeitamente inócuo e inofensivo, um pateta feliz arriscaria mesmo dizer, que como todos nós tem de fazer pela vida, e que parece safar-se bem melhor do que eu, por exemplo. Um tipo que nos poderia ofender por vezes, se realmente tivesse noção do que diz, mas não tem. Os seus textos são iguais a si próprio, limpos, sarados, sem gorduras, com dentes muito brancos, e vazios de conteúdo, um babuíno com encefalite não faria pior.
Para mim, devíamos olhar para o Gustavo como aquilo que é e não nos ofendermos tanto com as suas imbecilidades, apesar de, verdade seja dita, ele se pôr a jeito.
Mas afinal que raio é que ele é? Habituado como está a decoração de interiores e remodelaçõezinhas só pode ser um qualquer objecto decorativo, que fica bem em qualquer sala, perfeito para ficar em cima do pechiché ou do criado mudo, ótimo para fazer vista para as visitas mas, no fundo, inútil.

nota: O título deste texto esteve para ser "A máquina de fazer Gustavos" mas, plágio por plágio, ficou assim. Desde já agradeço e retribuo o convite para opinar em casa alheia e poder participar na "corrente". 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Porque eu sou Charlie todos os dias

A caneta é mais forte que a AK
A caneta é coragem, a AK cobardia.
A caneta liberta, a AK constringe.
A caneta é directa, a AK camuflada.
A caneta é viagem, a AK o fim da linha.
A caneta é voz, a AK silêncio atroz.
A caneta derruba muros, a AK ergue barreiras.
E onde houver canetas nunca existirão fronteiras.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ano Novo, vícios antigos

Pois bem, parece que temos aqui um ano prontinho a estrear, só que já  cheira a mofo, traz bolor agarrado. Bolor acumulado com velhos hábitos enrustidos que apenas servem a ganância de alguns iluminados.
Ainda nem o ano tinha acabado ficámos a saber que neste novo ano uma boa parte da Amazónia seria pertença de algumas petrolíferas chinesas (e não, isto não é uma piada, por mais surreal que possa parecer), quando semanas antes se reúniam Cimeiras em nome do ambiente e se saudavam os acordos e os esforços aí assumidos. Quando já  era mais do que tempo de acabarmos com a nossa dependência de combustíveis fósseis, responsáveis em grande parte pelas acentuadas alterações climáticas dos últimos 50 anos, através do uso de energias alternativas, que existem e se provaram eficientes, cedemos uma parte do apelidado pulmão da Terra para seguirmos precisamente no sentido oposto.
Neste mesmo novo ano que entra, fresquinho que nem uma alface, um ano que será, mais uma vez, complicado certamente para a maioria das famílias, a Audi, fabricante de automóveis de alta gama, e alto consumo de combustíveis fósseis, mais poluentes, anunciou um investimento de umas boas dezenas de milhares de milhões de Euros para melhorar a sua posição no ranking de vendas. Ou seja, os bancos vão continuar a emprestar-nos dinheiro para comprarmos carros alemães e ficar bem vistos perante a vizinhança  nos nossos topos de gama. Mais do mesmo portanto. E escusado será dizer que pouco ou nenhum desse investimento será usado no desenvolvimento de automóveis  híbridos ou elétricos, o que junto com a negociata das terras amazónicas deixa antever a tendência dos "mercados" (leia-se gajos ricos) para o novo ano. E anteriores e futuros. Continuar a espremer e explorar o planeta até ao último tostão entrar nas suas obesas contas bancárias.
O ano até pode ser novo, mas já vem todo cheio de mossas.