domingo, 24 de agosto de 2014

Meet the police

Antes de mais e para fazer uma breve introdução ao assunto e pôr as coisas em perspectiva vamos olhar para o quadro geral.
1- Temos uma sociedade que não investe nada em mecanismos que favoreçam a igualdade social, sem falar em raças atenção, apenas em equilibrar a riqueza entre pessoas que vivem no mesmo tempo e espaço.
2- As forças de segurança não têm formação adequada e os processos de selecção devem ter parado no tempo porque continuamos a ter nas ruas agentes sem preparação,  física,  psicológica,  cultural, etc. Já todos nos deparámos com polícias que nos surpreenderam pela positiva, por uma ou outra razão,  mas não são,  infelizmente, a regra mas sim a excepção. Sem esquecer obviamente que a culpa é de quem os forma e põe nas ruas. 
3- A publicidade, que está por toda a parte, é cada vez mais agressiva a criar necessidades aos consumidores (esta marca de ténis,  aquela marca de roupa, etc.). Procura atingir deliberadamente, porque é o seu objectivo, as camadas da população mais impulsivas, que agem mais do que o que pensam, como os mais jovens e os mais velhos. (A legislação desta actividade é demasiado permissiva a meu ver.)
3- As marcas sabem a força que têm junto dos jovens e praticam preços excessivos, mesmo depois de mudarem as suas fábricas para países onde a mão de obra é 10 vezes mais barata,  como a Índia e o Vietname por exemplo. Um par de ténis da Nike, por exemplo o modelo Air Max (made in Vietname) custam entre 100 e 250 Euros, ou seja chegam a custar metade de um ordenado mínimo português.
4- Se ligarmos a nossa TV e passarmos 10 minutos a ver a MTV passam-nos pelos olhos milhões de Euros em diamantes, ouro, carros topo de gama e champanhe, tudo enfeitado com muito brilho e glamour. Os gangsters mauzões passaram a heróis, exemplos de sucesso, cidadãos modelo.
5- Digam o que disserem Portugal continua a ser um país onde predomina uma mentalidadezinha racista, mais camuflada hoje em dia, talvez porque "parece mal ser racista" e somos um povo de aparências, mas entre portas continua o preconceito e a discriminação.
6- Seis banqueiros afundaram o país, estão a esta hora sossegadinhos da vida a desfrutarem das suas fortunas. Meia dúzia,  quase os dedos de uma mão, qual a cor?
Bem posto isto posso passar ao que me interessa dizer acerca dos meets,  que ainda não faço ideia do que são mas se a ideia é sair das redes sociais e dar provas da sua existência na rua e em locais públicos parece-me que os putos estão muito à frente. Se há quem se aproveite disso para lançar o caos, roubar e armar confusão uma das seis razões acima enumeradas pode ajudar a explicá-lo.
Eu bem sei que, principalmente na Grande Lisboa, existe um fenómeno que nos pode levar a ter sentimentos contraditórios em relação a outras raças,  nomeadamente aos africanos. Sei-o melhor que ninguém porque, apesar de morar no Algarve, venho de Queluz, bem no meio da Linha de Sintra. O que acontece é que de vez em quando damos de caras com grupos de putos (e não só) nascidos e criados em Portugal, que nunca puseram um pé em África sequer, cujos próprios pais renegam as suas atitudes, muitas vezes racistas. Agem covardemente em matilhas, roubam e espancam, não são pretos estúpidos mas apenas estúpidos. Não podemos tomar o todo pela parte, nem todos os brancos são banqueiros.
Para finalizar deixo duas pequenas situações, entre muitas outras, que se passaram comigo e me fizeram repensar se realmente devia olhar para além da cor da pele, continuo a pensar que sim.
Uma bela vez em Lisboa, passagem de ano (não me lembro qual, foi assim tão boa), bela ideia passar o ano na capital,  eramos putos, uns quantos ainda. Fomos assaltados três vezes na mesma noite, fenomenal, e mais umas tentativas que foram acontecendo mas a gente ás tantas já só dizia "tou limpo não tenho nada" enquanto mostravamos o avesso dos bolsos das calças para confirmar.
Outra linda e maravilhosa noite em Lisboa fui para os copos, com uma espectacular t-shirt com a imagem de um punho a quebrar uma cruz suástica e tive a bela ideia de passar à porta de um bar de  skins que havia na 24 de Julho. Escusado será dizer que se não tivesse uma cabeça dura e pernas para correr tinha saído dali com muito mais do que uma t-shirt rasgada, uns gajos da mesma raça do que eu. Mesmo assim fui para os copos, e mais tarde ainda fui assaltado por uns dreads, de uma das raças que eu tentava ajudar a integrar com a minha  singela t-shirt.
Alguns dos meus, mais que amigos, irmãos são negros. Se eu passar a barreira da cor vejo-lhes todas as qualidades e defeitos de qualquer outro ser humano.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Zoo do Algarve

Meus amigos, durante o Verão o Algarve torna-se, como bem sabem, num ecossistema povoadíssimo pelas mais variadas espécies de animais migratórios que o tornam praticamente inabitável. Temos, por exemplo, o busca-sombras, um bichinho irritante que faz qualquer coisa por um lugar á sombra para o seu carro. Pode ser no meio de um cruzamento ou bem no centro de uma passadeira, não importa, ele vai estacionar a sua viatura. Se suceder o caso de a unica sombra estar pousada sobre a linha do comboio é bem provável que arrisque a vida por ela. Bichinho obstinado este.
Podemos também encontrar, e nem precisamos de procurar muito, o complexo-de-paris-hilton, uma espécie infelizmente não em vias de extinção. Normalmente deslocam-se em bandos e têm um conjunto de palavras que se recusam a pronunciar, correndo o risco de lhes explodir a cabeça se o fizerem. São elas, entre outras, se faz favor, bom dia, obrigado, com licença, etc.
Outra das espécies que povoa o Sul por estas alturas é o papagaio-sem-equalizador, outro bicho que se move em grupo e que se caracteriza pelo alto consumo de décibeis que implica a comunicação entre os individuos desta espécie. Apesar de estarem a parcos centimetros uns dos outros soltam sonoros chamamentos que podem ser ouvidos a quilometros de distância.
Sem dúvida um ex libris desta diversificada fauna é o pode-ser-que-ninguém-note, mais um animal social dado a grandes agrupamentos, tem a particularidade de ser local, apesar de no Inverno migrar para países mais economicamente amenos. Regem-se pelo princípio de que desde que não se fale português conseguimos ser atendidos com um mínimo de cordialidade nos estabelecimentos comerciais e de restauração locais. Mas a maior parte das vezes acabam por se envolver em disputas com as espécies autóctones por causa da estranha língua em que comunicam.
Outro bichinho particularmente enervante, que aparece nas zonas costeiras, é o espetóbico-madrugador. Especialista em camuflagem, move-se de modo furtivo logo às primeiras horas de luz para ir religiosamente espetar o seu chapelito de sol na areia da praia, regressando de imediato à base. Há quem diga que este bicho é um mito, uma vez que não há relatos de encontros ou avistamentos deste ilusivo animal. A única  prova da sua existência são realmente os chapéus de sol espalhados pelas praias sem ninguém à vista.
No que toca a espécies autóctones não podemos menosprezar o a-rir-tou-te-a-lixar, caracterizado pela facilidade em vender ao bicho-turista tudo o que não presta, ainda que raro tem um papel preponderante nas opiniões que se fabricam acerca desta região,  e apesar de raro não deixa de ser uma praga. Está normalmente associado a tudo o que são más lembranças da passagem pelo Algarve, é aquele a quem perguntamos inocentemente se o peixe é fresco e nos responde que sim com um sorriso nos lábios, para de seguida nos alegremente servir  um cadáver com duas semanas de sol em cima que devia estar em exposição num qualquer museu de história natural e não no nosso prato.
A mais abundante espécie nativa é o tava-tão-sossegado-e-agora-tenho-de-trabalhar-durante-um-mês, constituida por diversas subespécies todas elas com características distintas. Caracteriza-se por um andar arrastado que faz com que qualquer tarefa seja executada no maior espaço de tempo possível, por uma comunicação através de grunhidos imperceptíveis ao comum dos humanos e uma calma gélida perante as situações mais apocalípticas. Estão trinta pessoas na fila do talho? Que esperem que eu também esperei 9 meses para nascer ou só consigo fazer uma coisa de cada vez são coisas que nos arriscamos a ouvir se nos cruzarmos com  um espécime desta família.
Por fim mas não em último vem a espécie na qual se inclui este que aqui vos escreve, um lisboeta a morar nos algarves, neste paraíso desertificado onde tudo é doce, e duro. Perfeito, e longe disso. Rico, e inóspito. Calmante, e revoltante. E com o Verão não havia de ser diferente.


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

geração rasca?

Há poucos dias li um artigo no Público que falava um pouco sobre a chamada "geração rasca", à qual pertenço e cuja designação nunca consegui compreender ou assimilar muito bem. Geração sempre à rasca isso sim, herdando políticas fora de prazo de um lado enquanto antecipávamos as trapalhadas da futura geração de governantes que havia de vir do outro. Sim virámos uns caixotes de lixo, sim queimámos umas bandeiras, mas apenas porque achámos que era necessário para sermos ouvidos, ou se calhar já sabíamos que íamos pagar a conta uns anos mais tarde, e com juros. Andavam estes senhores que agora nos governam a germinar nas respectivas Jotas dos seus partidos, preparando-se para o mais que certo destino de governarem o país,  dado adquirido, mais do que  incontestável aqui na república dos bananas, irrevogável diria mesmo. Mais do que aptidão, capacidade de trabalho, ou mesmo competência para os cargos que lhes caem no colo o que conta realmente é a filiação partidária. Quase a fazer lembrar outra instituição portuguesa que são os clubes de futebol onde os jogadores chegam e tem sempre de fazer aquele discurso do  sou do clube x desde pequenino, sempre foi o meu sonho jogar neste clube, nem que seja o Atlético Clube da Sarapitola de Cima.
Enquanto uns se preparavam para assumir o comando, outros planeavam as suas milionárias reformas,  os mesmos que nos apelidaram de "geração rasca",  logo a cortarem-nos as pernas ainda mal tínhamos começado a denunciar um  sistema educativo, e não só mas o educativo era o que nos afectava directamente como futuros cidadãos.  Um sistema que se começava a revelar preconceituoso na avaliação dos alunos beneficiando quem tinha a vantagem sócio económica, abrindo portas a uma selecção baseada no estrato social.  Os mesmos que mais tarde viriamos a descobrir que não são de confiança, os administradores, consultores, supervisores, comentadores dos mais diversos assuntos que nunca administraram,  ou supervisionaram, ou sequer nos elucidaram com os seus comentários. Rasca, mas mesmo rasca ao nível daquelas coisas que às vezes pisamos sem querer e temos de as raspar da sola do sapato, é tentar cortar as asas a uma geração, e digo tentar porque ninguém nos pode cortar as asas, a não sermos nós próprios.

sábado, 9 de agosto de 2014

Manifesto anti-troglodita

Chega de pedir resultados a um sistema que não funciona. É chover no molhado. Já conhecemos o resultado, eles não nos sabem governar, pior que isso nem a eles se conseguem governar com o dinheiro dos outros. E vamos nós confiar-lhes o nosso destino? Não são os laranjas, nem os rosas, nem os vermelhos, nem sequer é português o defeito. É o próprio ninho onde se acoitam e congeminam as mais mirabolantes estratégias para nos sugarem até ao tutano. É um não acabar de erros tapados com mais erros, adiando a prosperidade de um povo, de um Planeta, até ao ponto de ruptura se preciso para atingirem os seus fins, que estão muito longe do bem comum. Um sistema baseado na ilusão e na usurpação da liberdade intelectual do indivíduo, base incontestável de todas as liberdades. Uma sociedade onde se têm de criar organismos que garantam os direitos das mulheres, das crianças,  das minorias, porque os governos simplesmente não o fazem. E onde por mais irónico que pareça somos subjugados à vontade de uma minoria. Os homens não são fiáveis, manias da Biologia, não podem ser empossados de poder, muito menos sobre os seus semelhantes, não têm capacidade nem isenção para tal, limitações naturais do ser humano. A solução passa, a nível económico,  por uma gestão local organizada, que defenda os direitos dos produtores locais e da comunidade, e supervisione os agentes económicos, quebrando assim este ciclo em que quem lucra são os intermediários que compram a preços irrisórios e vendem com margens de lucro astronómicas, prejudicando assim todos os outros pelo caminho, os trabalhadores, os produtores e o consumidor final. Não pode ser em Lisboa e muito menos em Bruxelas que se decide a nossa vida.
Já não somos ignorantes, ou seremos? Sabemos hoje que o Planeta está a pagar uma conta demasiado alta pelas nossas irresponsáveis atitudes. Sabemos, sem sombra de dúvida, que as nossas acções têm consequências, muitas vezes irreversíveis para o planeta. E, se temos esse conhecimento, não podemos regredir à ignorância, até porque o Homem evolui no sentido ascendente e não o inverso. Isto se o nosso interesse é realmente evoluir para um estado superior de consciência global e não regredir para o trogloditismo que temos actualmente. E muito menos podemos, uma vez que temos essa consciência, ser cúmplices no assassinato da Terra, ou na conspiração do mesmo. Desde a década de cinquenta do século passado que surgiram os sinais e os consequentes avisos, da comunidade científica e não só. 
E o que fizeram os Governos? Omitiram, escamotearam,  desvalorizaram, no fundo trataram-nos a todos como os ignorantes que somos para eles. Na ânsia de ganharem mais algum tempo para anexarem mais riqueza, sendo que num Estado capitalista a riqueza se traduz apenas em lucro financeiro e nunca no bem-estar e na satisfação das necessidades básicas da sua população. Alimentados pela ganância, o que conseguimos foi encurtar o prazo de vida do Planeta, deixando às próximas gerações uma herança envenenada pelo nosso próprio egoísmo. Somos mesquinhos a esse ponto, nem à nossa prole deixamos de roubar para enchermos as nossas barrigas. E vamos nós saber cuidar do que é do vizinho sem nos apropriarmos disso?
Está também inquestionavelmente provado que este sistema de Estado responde única e exclusivamente ao capital, se é que ainda havia dúvidas, e nunca a quem supostamente representa. Estes governos de maioria, que na realidade representam apenas uns poucos poderosos,obviamente quando chega a hora vão defender quem os alimenta que serão sempre os banqueiros e os grandes empresários. Os mesmos que nos afogam em impostos são os mesmos que se escapam a eles. Que moral poderão ter para nos representarem? O resultado das suas acções está à vista, ele é o colapso geral de uma sociedade. Falo de valores muito mais altos dos que guardamos nos bancos que nos estão a roubar. Valores de Humanidade, amealhados a custo ao longo da História. A procura da liberdade, da igualdade, da dignidade são o conforto e o desassossego da alma do Homem, e, quando assim não acontecer este é o resultado.
Vamos esperar mais vinte, quarenta, sessenta anos para novamente analisarmos a História e chegarmos às mesmas conclusões? E com cada vez menos tempo útil  para agirmos.
Exigimos saber onde está a riqueza e os recursos desviados, onde foram aplicados e porquê. Ora, para isso teríamos de falar directamente com um ou mais Governos ou membros dos mesmos, e a porta está fechada mesmo antes de sequer pensarmos em tal porque teriamos de passar, por secretarias,  assessorias, etc. E obviamente nunca iriamos chegar cara-a-cara com quem tem o poder de decisão,  uma vez que já temos representantes no círculo político, que também não conhecemos nem sabemos se têm os mesmos interesses que nós, ou sequer se estão interessados em defendê-los. Portanto no sistema político actual, ironicamente apelidado de poder do povo, o povo não é tido nem achado. Em nenhuma parte do processo.
Está na hora de, nós o Povo, pedirmos contas a estes senhores e acertarmos contas com a Terra, porque o tempo do Planeta é ontem e agir é o verbo do presente.

A ver se a gente se entende

Vítor, sem c, é o meu nome. Vítor Manuel para ser mais exacto.
Mas devo ter cara de Gepeto porque ultimamente só me saem é bonecos. Ou se calhar é mais Tarzan porque já só vejo mabecos. Atacando em matilhas, pilhando nesta pequena aldeia. Na tv, no jornal, no café, na assembleia. Prontinho para fazer as malas porque a coisa está feia. E eu certamente não serei carne para esta matança. Nem entrada, nem prato principal, nem sobremesa na festança. Agarrar pela mão uma donzela arrastando-a pelo salão contrariada perguntando no fim a menina dança? Não me parece. A estes cães não encho a pança.
E eu que gosto tanto de dançar a vê-los conspirar para assassinarem a música?Aparentemente temos tudo de diferente, o manual deles não é o mesmo que eu uso e caminhamos em sentidos opostos. Gosto de pensar que o meu é para a frente.
Faz a cena certa,não te tranques deixa a porta aberta. Comunica, partilha, difunde. Vais ver que um dia a gente acerta e espanta essa gente de merda que nos desgoverna. Pensamento lógico evolutivo é o caminho. Se não resulta deita fora, se está podre ignora. Inventa outra, vais ver que não estás sózinho.

domingo, 3 de agosto de 2014

#somostodosgordasfeias


não sei se alguém já reparou que quando uma gorda está parada numa berma de estrada com problemas no carro, tem tendência a esperar uma eternidade até aparecer uma alma caridosa que lhe dê uma mãozinha. há  relatos de senhoras que passaram o Agosto inteiro à espera,  sobrevivendo apenas com o farnel que traziam para a viagem e de algumas bagas e raízes apanhadas na beira da estrada. houve algumas até que tentaram trincar o tablier em desespero.
por outro lado, se calha a ser uma boazona com dificuldades em enviar um  SMS chegamos a ver três marmanjos armados em cavalheiros.  claro que dois de roda da senhora e um desgraçado a tentar realmente resolver o problema.
ora, meus amigos isto é basicamente racismo. vendo pelo lado positivo pelo menos não atiramos bananas às senhoras o que só estaria a prolongar o problema.

sábado, 2 de agosto de 2014

não faço ideia

sonhei que bailava em chamas aquele gordo da Madeira
que foram aqueles três dos lençóis que atearam a fogueira
deram cabo de uns belos lençóis pensava enquanto comia uma banana
e lá em baixo o porco dançava vestido de havaiana