Mudar não é necessário. É obrigatório neste sistema social em que o completo desequilíbrio ao nível da distribuição da riqueza, por exemplo de propriedades, bens e dinheiro faz com que exista demasiada gente privilegiada por oposição a outros completamente nos antípodas e que tenhamos, hoje em dia, de um lado hotéis de 7 estrelas, carros de 1 milhão de euros e casas de centenas de milhões e do outro lado pobreza extrema, escassez de água e cuidados médicos.
A educação basear-se-á, num futuro próximo, na formatação de professores autómatos que debitam programas curriculares criados para manter um sistema de classes, em que as classes baixas têm acesso a formação técnica e profissional que lhes permitirá ingressar no mercado de trabalho, onde irão enriquecer ainda mais as classes altas, essas sim com acesso a uma educação superior,que lhes permitirá continuar na posição dominante. Um ciclo vicioso e perigoso que é urgente quebrar.
O sucesso é medido em capital financeiro acumulado, o dinheiro passou a ser quase aceite como um valor moral, uma virtude, quando na verdade a ser tal coisa seria, no mínimo, um vício. Quem tem dinheiro é respeitado, mais do que isso venerado pela sociedade moderna e mesmo quando questionamos a sua proveniência não deixamos de o aceitar. Um bom exemplo disso são os bancos suíços, os vistos gold em Portugal e as grandes empresas mundiais que se associam a verdadeiras máfias em troca de financiamento. O poder económico governa o mundo, estendendo os seus tentáculos às mais diversas áreas. Política, saúde, educação, religião, tudo é passível de ser corrompido num sistema em que impera o capital.
Uma das faces visíveis desta divinificação do dinheiro são as guerras, muitas vezes financiadas pelos donos do poder por motivos meramente económicos, sendo um bom exemplo disto os E.U.A. e a sua indústria do armamento.
Guerra cujo lado visível, a curto prazo, são obviamente todas as vidas perdidas, cidades e vilas destruídas e a deterioração das condições de vida das populações. Mas a longo prazo as consequências são ainda mais devastadoras para as zonas afectadas, a nível sócio económico, atrasando indefinidamente a prosperidade das nações envolvidas e, por consequência, de todas as outras.
Não podemos dissociar a Humanidade do Homem, somos um conjunto, ao afectarmos uma parte estamos a prejudicar o todo. Quando caminhamos em direcção ao abismo, como actualmente acontece, quando deixamos que a ambição e a ganância individual nos guiem até à beira da destruição estamos a arrastar connosco um Planeta, gerações e gerações que hão de vir, inclusivamente a nossa própria descendência.
O sucesso individual não existe na medida em que não contribui, por si só, para o sucesso global. A não ser que tenha uma aplicação prática e afecte positivamente o Homem no sentido da evolução, que se pretende ascendente e nunca o seu contrário, ou seja, no sentido da claridade e da consciência e não no da escuridão e da irresponsabilidade.
Cada um de nós tem o dever, ou antes a obrigação moral de estudar, opinar e procurar aprofundar o seu conhecimento sobre as questões essenciais do que é ser humano, traçar uma linha entre o que foi feito no passado, o que está a ser feito no presente (e em que aspecto poderá contribuir para isso) ou que poderá acontecer no futuro para alcançar o equilíbrio, que é o que todos procuramos. Equilíbrio entre o que é material (corpo) e o que é etéreo (alma) só se torna possível através da equidade e da justiça, enquanto assim não for o desassossego imperará porque o Homem vê-se privado do seu maior bem, a liberdade.
A desigualdade impõe ao ser humano o servilismo, a submissão, a ignorância e a resignação como modo de sobrevivência. Reduzido a uma existência meramente corpórea ele existe mas nunca chega a Ser. E isto é, a meu ver, fatal para um ser que é feito de Luz, de conhecimento e sentidos. Leva-nos a perder muitos de nós para a depressão e para a demência. Porque o Homem é naturalmente inquisitivo ele vai procurar entender a sociedade que lhe é contemporânea e encontrar soluções para as questões que impeçam a natural evolução ascendente que o move. Por vezes ele conseguirá identificar a raíz do problema, descobrindo por consequência a sua solução, e mesmo munido com esse conhecimento irá ser desacreditado por aqueles que estão na base desse mesmo problema, que se aproveitarão das suas posições na cadeia de poder estabelecida para iludir as massas, enfraquecidas por séculos de escravatura intelectual. Isto irá levá-lo ao ponto da extrema frustração, uma vez que não lhe resta senão caminhar em direcção ao abismo como apêndice da Humanidade que é. E consciente da queda eminente.
A religião é o apogeu da domesticação das massas, da deseducação e da ignorância, em todas as suas formas. Fonte de conflitos e guerras, apenas serve para separar e enfraquecer os homens, promove a desigualdade entre sexos e géneros e está no centro das maiores atrocidades cometidas pela Humanidade ao longo dos tempos. Deus (ou Alá, o que quiserem) não é mais do que sangue derramado. Que chegaria para tingir a Terra de vermelho e com certeza ainda sobraria algum.
Por oposição à Natureza, que é criação, consciência global, fonte de união e unificação entre os homens, e essencialmente entre corpo e alma.
Natureza que nos criou, nos alimentou, nos educou e nos fez evoluir desde o inicio dos tempos. Sem a qual simplesmente não existiríamos. Sem a qual certamente não estaríamos cá para declarar guerras santas, rezar ao santo capital ou outras aberrações pelas quais abdicámos da nossa própria alma.
Porque razão a nossa existência é algo de que estamos dispostos a prescindir em troca de futilidades como sucesso, fortuna ou poder é algo que me ultrapassa, mesmeriza mesmo, mas não consigo deixar de questionar porque a solução está à frente dos meus olhos. E é verde.
nota: Apenas pensamentos, não se pretende ter ou não razão, apenas partilhar ideias, verdades universais que todos conhecemos, um pouco clichés até, sendo o seu ponto fulcral a necessidade de mudar o paradigma.
Que, mesmo sendo verdades (s.f. conformidade da ideia com o objecto, do dito com o feito, do discurso com a realidade), comprovadas e testemunhadas ao longo da História não fazem acontecer a mudança. E esse é o paradigma.