quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A dívida não é para se pagar.Repito. A dívida não é para se pagar.

Não tenham ilusões. O que vamos negociando, renegociando e pagando são juros da dívida, ad eternum, sem fim à vista.
As dívidas saldadas retirariam todo o poder de influência dos credores sobre os governos e, por consequência, sobre as nações e deixariam de poder escolher fantoches que levassem avante políticas de desintegração social como as que temos, que apenas servem os grandes. Com as dívidas pagas certamente não veríamos a tia Merkel, ou qualquer outro que não nos apareça no boletim de voto, a puxar as orelhas a meio mundo como se tivesse autoridade para tal.
 O empréstimo forçado que é táctica habitual do FMI não é diferente do que alguns métodos de extorsão utilizados por outras organizações mafiosas. Os planos de recuperação económica através da austeridade têm-se provado um fracasso em todas as frentes. A pouco expressiva recuperação alcançada no caso português deu-se à conta do aumento da carga fiscal e da redução de apoios sociais aos mais desfavorecidos, para além disso prevê-se de curta duração.  
Ao mesmo tempo não se avançam reformas estruturantes e radicais aos sistemas político, judicial, social e financeiro. 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Um Charlie deu-me block no Twitter

O engraçado é que só comecei a seguir porque pensei que era comédia, e da boa, daquela sarcástica e pungente ao estilo de um Bruno Nogueira, mas mais baixinho (a vários níveis), daquele tipo de humor em que se dizem as maiores enormidades mas se consegue manter um tom sério enquanto se o faz.
É que nem cheguei sequer a dizer-lhe realmente o que queria dizer-lhe, e agora também já não me apetece. A única coisa que lhe pedi, depois de ler um dos seus espirituosos tweets referindo-se ao governo grego, que passo a traduzir uma vez que o nosso Secretário de Estado dos Assuntos Europeus escreve em americano: "A politica europeia simplesmente não funciona através do confronto aberto", foi que não me fizesse rir porque eu estava com cieiro, o que até  era verdade, e todos sabem como pode ser das poucas situações em que um sorriso se pode tornar desconfortável, uma vez que repuxa a pele quebradiça dos lábios e chega até a causar dor por vezes.
Mais tarde descobri que ele estava a falar a sério quando tweetou o seguinte acerca da governação nacional: "Também provámos que é possível ter crescimento económico e, ao mesmo tempo, uma significante consolidação fiscal", e chorei pela parte dos meus impostos cujo destino é pagar-lhe o ordenado. O que vale é que já não há de ser por muito mais tempo.
Eu devia ter desconfiado pela expressão jubilosa e convicta

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Realpolitik? Agora a sério, digam lá isso sem se rirem.

O meu intento não parte do princípio da arrogância de me pensar mais do que alguém, não sou mais inteligente, e muito menos clarividente, do que qualquer outro. Aliás apenas alguns minutos de convivência com a minha pessoa chegam para provar precisamente o contrário. O que acontece é que numa época de globalização cometo o ultraje de estar atento às assimetrias e exijo a globalização do bom senso e não apenas do status quo.
Atentemos então o que nos diz a real política, à direita e à esquerda, sobre os mais diversos assuntos, alguns de importância vital, penso eu, ou talvez eu me arrogue de assim o pensar porque assim  o vejo.

  • Fome e pobreza. Existe excedente de alimentos, existe, no caso da agronomia, conhecimento e tecnologia que é urgente partilhar com os países subdesenvolvidos. Será que as taxas não aplicadas sobre o dinheiro que os ricos não declaram (os bancos suíços, o caso Luxemburgo/Juncker e muitos outros) dariam para erradicar a pobreza à escala mundial? Ao contrário de todas as medidas super criativas inventadas e postas em execução para aumentar a carga fiscal sobre os mais pobres não aparece, aliás não é aprovada, uma proposta séria para combater a fraude fiscal perpetrada pelas "elites". Mas os políticos dizem-se sérios e pragmáticos.
  • Paz. Poderemos dizer que a paz é uma preocupação global quando se iniciam guerras para estabelecer a paz? Quando a industria do armamento é uma das mais lucrativas do planeta e o dinheiro investido em guerras e fabrico de armamento talvez desse também para erradicar a pobreza a nivel global e trazer realmente a paz às nações. Não produzir mais armas seria um passo essencial, mas continuam a ser desenvolvidas novas tecnologias de genocídio. No entanto não há um político que defenda, publicamente, a guerra.
  • Austeridade. A austeridade, segundo a realpolitik, é um instrumento para reequilibrar as contas dos países com cidadãos mal comportados e preguiçosos. Mas a realidade,  como se tem provado em casos recentes, é que as bolhas financeiras, fraudes e incompetência dos agentes financeiros, com a criação de derivativos financeiros (swaps, hedgefunds e outros instrumentos) que terminam sempre com a injecção de capital, dos contribuintes também, no sistema bancário para compensar, contribuem muito mais para o desequilíbrio das contas do Estado do que propriamente os seus cidadãos afogados em impostos. Contudo os bancos são  supervisionados por banqueiros. Evitando todos estes vícios enrustidos nos sistema poderia ser proporcionada alguma estabilidade económica para as famílias. No entanto os políticos afirmam que é inevitável todo o nosso sacrifício e que estão,  naturalmente,  a trabalhar para nos salvar.
  • Desemprego. Ainda me lembro, no tempo em que a UE ainda se chamava CEE, de atribuirem subsídios a Portugal, nomeadamente no sector agrícola, para não produzir. O resultado é um país de serviços sem sector primário, que ao nível dos produtos agrícolas importa mais do que o que exporta, e consome importado quando temos condições excepcionais (climáticas, solo) para produzir. Juntando a isto o emprego precário, incentivado pelo Estado e os lucros das empresas a irem para acionistas e comissões astronómicas para administradores, muitas das vezes incompetentes. Lucros conseguidos à conta de quem trabalha a dobrar e recebe o mesmo, e ainda é, para além de tudo isso, constantemente ameaçado com a "crise". Quando devíamos estar a restituir emprego e até quem sabe aumentar salários. Entretanto os nossos estimados governantes andam pelo estrangeiro a apresentar empresas de idoneidade questionável (Visabeira, etc) a parceiros internacionais. Para exportarmos o pior que por cá se faz em matéria de cumprimento do código do trabalho?
  • Impostos excessivos. O que temos: compadrio, amiguismo, negócios desastrosos para o Estado (PPP's,submarinos), má gestão pública, intervenção do Estado para salvar bancos mal geridos, corrupção nos mais altos cargos da República, fuga aos impostos por parte dos muito ricos com conivência do Governo.  O que deveríamos ter, se tudo isto não acontecesse: menos despesismo, alívio da carga fiscal, melhores serviços públicos. Investimento na educação, na saúde, na cultura. Mais uma vez a realpolitik aplica a receita da inevitabilidade enquanto pela porta dos fundos vão saindo milhões para bancos suíços e etc., com o conhecimento dos mesmos.
Real quê? Real incompetência e declarada má fé. Voltando ao caso grego, dos tais que não usam gravata, pode ser que não consigam o que pretendem mas, por mim, ficam para a história por se terem mexido, por os terem no sítio e não seguirem o caminho mais fácil que é o das contas de subtrair sempre nos mesmos e não enfrentar a corrupção instituída por essas Europas  afora.

nota: não me sigo por gráficos ou estatísticas pela simples razão de nos mostrarem os resultados sem nos divulgarem os meios utilizados para os alcançar, como é o caso do crescimento acima da média europeia alcançado recentemente por Portugal, que fica muito bonito quando exposto num gráfico mas não explica que só foi possível à  conta de injustiça social e excessiva carga fiscal que asfixia a generalidade da população.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Talvez eu tenha exagerado. Ou então não.

Admito que possa ter sido um pouco radical no passado post, mas a realidade, lá está, é que podia ter ido ainda mais longe. Para equilibrarmos a balança, se é isso que pretendemos, temos de denunciar os extremos, neste caso a super-riqueza e a super-pobreza, a segunda consequência inegável da primeira. E, se isso chocar as pessoas melhor ainda porque temos sido progressivamente dessenbilizados para o que são os repetidos abusos à dignidade humana e aos direitos do Homem.
O que precisamos realmente, entre todos os gráficos, estudos e análises, é de eliminar os extremos. Caso contrário estaremos eternamente apenas a fingir que resolvemos o problema. Se querem pragmatismo e sentido prático aqui o têm. Taxem-se as grandes fortunas e reverta-se o valor colectado para os que vivem abaixo do limiar da pobreza. Depois disso podem voltar a preocupar-se com a classe média e com as vendas dos Audi's e BMW's e de tudo o que há para ser vendido e mais do que se há de inventar e vender através de publicidade e marketing extremamente agressivos a apelar ao empréstimo bancário e ao endividamento.
Agora é só arranjar políticos que, em vez de cortar nos pobres, cortem nos ricos, o que não deve ser difícil se estiverem genuinamente interessados em resolver a questão. Boa sorte.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Aos realistas dos milhões

Anda pr'aí muito boa gente a apregoar o perigo dos esquerdistas radicais do Syriza e dos "contos de crianças" dos perdões e renegociações de dívida. Gente que acha mais real ceder aos caprichos dos mercados e dos multimilionários credores que, com muita engenharia financeira à mistura diga-se de passagem, nos mantêm reféns dessa mesma dívida através de intermináveis taxas de juro do que travar o empobrecimento das populações e a degradação dos serviços sociais nos seus próprios países. Tudo boa gente decerto, mas acima de tudo gente que, quase que aposto, não ganha o ordenado mínimo e tem obviamente de justificar a sua "essencial" posição no organograma social. Mais do que isso, tem que defender, com unhas e dentes, a própria existência da sua profissão. Apresentam-se como comentadores, consultores, analistas, especialistas, etc. Mas comentam muito pouco, e erradamente porque desconhecem a realidade, para consultar são mais falíveis do que a Wikipedia, na análise confrangedoramente ignorantes e são especialmente especializados em coisa nenhuma. Provavelmente gerariam mais valor e ajudariam mais a economia a cavar batatas do que alguma vez farão com patéticos bitaites a piscar o olho aos futuros, ou actuais, patrões.
A todos estes iluminados fica o convite: Desçam à  Terra, e depois desçam mais uns degraus, onde quem quer realidade pode regalar-se, encher a barriguinha, porque ela está em toda a parte. E não, não vou falar em África ou na América Latina, porque é aqui mesmo, na Europa que esta realidade acontece, nos países dos mesmos excelentíssimos académicos e tecnocratas bem remunerados. Por onde querem começar? Por essas aldeias afora, neste Portugal que não é certamente uma estória de encantar há meninas adolescentes a viver maritalmente com senhores que podiam ser seus avôs, por puro instinto de sobrevivência. Os estimados senhores especialistas não conhecem? Compreende-se, o mais certo é nunca se terem cruzado nos hotéis de 5 estrelas e nos restaurantes gourmet onde almoçam. Chega para começar?
Ai a realidade, essa coisa linda para os analistas que chama à razão os preguiçosos e irresponsaveis que vivem à conta do Estado como, também numa dessas aldeias lusitanas, uma senhora que conheci à esmola para comer porque a pensão se ia nos medicamentos. A pensão miserável de uma vida de trabalho, uma vida a descontar para o Estado. Tu queres lá ver que os senhores analistas desconhecem que nós é que sustentamos o Estado e não o contrário?Sim, os almoços, as viagens em primeira classe, os carros com motorista, as exorbitantes ajudas de custo, tudo isso sai do nosso bolso e sem ele (o bolso do povo) essa cambada de subsidiados a que chamamos de políticos nem para estacionar carros teria capacidade. Pois, mas aos especialistas isto passa-lhes ao lado. Talvez porque não seja o seu caso e tenham mais a beneficiar do que a perder com os fraudulentos negócios feitos com o nosso dinheiro.
Mas e, nem de propósito, voltando à tão ultimamente apregoada realidade, qual é o consultor que me explica em que gráfico ou estatística enquadro um adolescente, heterossexual, que, uma vez por semana, sodomiza um homem casado em troca de dinheiro para ajudar a pagar as contas de casa? Alguém quer tentar?
Ai a realidade, a real e não a outra, a morder os calcanhares a essa gente indigesta. E eles a falarem burguês fluentemente, como quem percebe da coisa, afinal sempre são especialistas em algo, a analisar a economia entre um jogo de ténis e um jantar de marisco.
Paguem-se as dívidas, paguem-se os jactos privados, paguem-se as rinoplastias e os anéis de diamantes.
Pague-se este Mundo e o outro que um dia as realidades encontrar-se-ão. E haverá contas por ajustar.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O ovo e a galinha - a pedofilia na Igreja Católica

A pergunta que se põe neste caso é: Será a pedofilia no seio da Igreja Católica uma consequência da abnegação imposta aos sacerdotes a vários níveis, como é o caso concreto da abstinência sexual, ou será uma prática milenar enraizada como tantas outras barbaridades cometidas (e camufladas) em nome de "Deus" ao longo dos tempos?
Senão vejamos, a principal razão invocada para a abstinência é a impureza do acto sexual, quer dizer, não do acto em si mas, e uma vez que "Deus" não reconhece a homossexualidade (apesar de muitos sacerdotes serem inegavelmente homossexuais), do facto de a mulher, fonte de todos os pecados para a Igreja, poder contaminar a alma pura do sacerdote. Por outro lado, segundo a Fé  Cristã, podemos deduzir que as crianças são puras, principalmente os rapazes.
A Igreja Católica continua, nos tempos que correm, a afirmar que, na Terra, o  Papa é a pessoa que está mais perto de "Deus" na hierarquia, o que faz com que, para eles, os sacerdotes estejam inequivocamente acima dos comuns mortais, uma vez que todos eles responderam ao alto chamamento do Todo Poderoso. Isto são convicções inabaláveis, que levaram às maiores atrocidades e atentados cometidos sobre a Humanidade em toda a nossa História. Genocídio, tortura, violações, terror são apenas algumas, testemunhadas, comprovadas e documentadas.
Existiu, durante séculos, uma tradição papal de molestar recém-nascidos em cerimónias de purificação, e de manifesta demonstração de poder diria, justificada por esta auto-proclamada hierarquia Católica. Tanto quanto sei não há garantias de que não continue nos dias de hoje. Ora, sendo assim, a violação de menores seria, para além de um acto purificador, uma forma de ceder à pressão dos prazeres carnais sem infringir as leis da Igreja, que estão, obviamente, acima das leis dos homens para os sacerdotes. Isto explicaria o porquê de tantos pedófilos no seio da Igreja Católica, porque, apesar de podermos dizer que nem todos os padres são pedófilos, penso ser inegável a existência de uma rede organizada de molestadores de crianças nos meandros desta instituição.
Por estranho que pareça isso não parece preocupar os governantes, pelo menos na Europa em que, pelos vistos o maior pesadelo é a renegociação da dívida pelos países do Sul. O próprio Ministro britânico das finanças já se veio mostrar muito preocupado com as consequências da eleição do Syriza para a economia global, quando dentro do seu próprio partido está a ser julgado um escandaloso caso de abuso e tráfico de  crianças. Prioridades.