terça-feira, 5 de novembro de 2013

conta-me aqui

alguma coisa tem que sair, ou várias. e depois é seleccionar e acrescentar caracteres, bastantes. porque um tipo escrever é uma coisa mas com quantos caracteres o consegue fazer é outra.
eu desenvolvo, em vez de dizer "fui á praia" diz-se "dirigi-me á orla costeira para desfrutar de um pouco de ócio balnear". substitui-se o "estive no trânsito" pelo "fui involuntariamente absorvido pelo êxodo laboral decorrente de uma população suburbana altamente automobilizada".não interessa o que se diz mas sim a quantidade de letras que conseguimos juntar ao fazê-lo. e assim compramos livros com duzentas páginas que bem espremidos davam para aí umas vinte. claro que, e atendendo ao quadro geral actual, é uma questão tangencial, ou seja está perto de o ser mas nem chega a sê-lo (questão). o que, para mim, é suficiente para me atazanar o espírito mais do que os velhinhos sem pensões e o governo papa-impostos ou mesmo o aquecimento global. para mim pior que as escutas do obama é mesmo o lançamento de um novo livro da margarida rebelo pinto.
"há sempre uma primeira vez". mas ainda não vai ser desta que lhe vou pegar.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

tudo na mesma




"é a história de uma sociedade que cai, e enquanto cai vai dizendo a si própria para se tranquilizar: até aqui tudo bem, até aqui tudo bem, até aqui tudo bem...mas o importante não é a queda e sim a aterragem"

La Haine-1995

10 anos de salpicos

o cigarro perfeito
sou eu...
enrolado a preceito pela vida
para ser fumado
até à unha

desfaço-me em fumo nesta lenta combustão multicolor
não sei fingir o amor
existir sem SER
não sou de meias medidas

quero tudo
aqui e agora

enquanto estou aceso...